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Roda de conversa: Agroecologia no enfrentamento às crises climáticas 

Por Anna Flávia Moreira, Joana Stewart e Luiza Regina 

Na noite de sexta-feira (20), o Plante Rio foi palco de um encontro marcado por intensas trocas e debates sobre Agroecologia e sua conexão direta com a crise climática. O evento contou com a presença de palestrantes como Dênis Monteiro, Jaime Lima Franch, Paulo Petersen e Denise Bitencourt.

Dênis Monteiro apresentou os primeiros resultados do mapeamento do projeto "Afluentes do Rio", que investiga diversas experiências agroecológicas no estado do Rio de Janeiro, motivados pela urgência em promover a segurança alimentar e garantir esse direito constitucional. O estudo abrangeu as regiões de Serramar, Costa Verde, área metropolitana, Norte Fluminense, Noroeste, e a Serra, tanto em suas porções central quanto leste. Monteiro destacou que o mapeamento ainda não alcançou todas as comunidades e povos tradicionais, o que exige sua ampliação para que os desafios enfrentados nessas áreas ganhem visibilidade e impulsionem mudanças concretas.

Jaime Lima Franch, representante da AARJ na região de Serramar, trouxe à tona a importância do manejo agroflorestal, que revitaliza as dinâmicas naturais das florestas e das comunidades que dependem delas. Ele destacou o impacto positivo das ações coletivas nas áreas de atuação do projeto: "Queremos que as pessoas trabalhem de forma coletiva, não isolada". Jaime reforçou que a cooperação, em oposição à competição, é essencial para um futuro sustentável.

Durante o intervalo do evento, o Coletivo Mulheres em Ação na Penha ofereceu um lanche da tarde composto por alimentos nutritivos, preparados a partir de ingredientes locais e originários. Essa iniciativa, simboliza um forte movimento de resistência, em que a alimentação segura se entrelaça à territorialidade. Através desse empreendimento, essas mulheres reafirmam a importância da soberania alimentar, construindo alternativas sustentáveis e fortalecendo suas comunidades em um contexto de enfrentamento das desigualdades socioeconômicas.

Encerrando o debate, Paulo Petersen abordou uma das pautas centrais do movimento agroecológico: a soberania alimentar. Ele destacou que as mudanças climáticas precisam ser enfrentadas a partir de uma perspectiva de justiça climática, pois as primeiras vítimas dessas mudanças são justamente as comunidades que estão à margem da marginalidade e da vulnerabilidade social. 

"A agroecologia deixou de ser uma questão exclusivamente rural e técnica. Ela é social, cultural e, sobretudo, política", concluiu Petersen, reforçando a necessidade do trabalho coletivo como um caminho para transformar a realidade.

O encontro encerrou-se com uma reflexão sobre a urgência de integrar a agroecologia às pautas sociais e políticas contemporâneas. As discussões evidenciaram que o enfrentamento da crise climática passa, inevitavelmente, pela justiça social e pela garantia da soberania alimentar, com foco especial nas comunidades marginalizadas. O Plante Rio reafirmou a força da coletividade e do conhecimento tradicional como pilares essenciais para a construção de um futuro mais justo e sustentável, onde a agroecologia se apresenta não apenas como prática agrícola, mas como um movimento transformador de realidades.

Da Redação Plante Rio 

Sob supervisão de Clara Lugão e Matt Vieira 

Foto: Luiza Regina