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Abertura da 6ª edição do Plante Rio discute formas de provocar mudanças culturais: “É necessário afeto”
Por Alison Brandão e Bruno da Silva
Nesta sexta-feira, 20 de setembro, primeiro dia da 6ª edição do Plante Rio, a roda de debate que abriu o evento, chamada “Construção coletiva de políticas públicas e articulações para a criação do território Educoagroflorestal no Rio de Janeiro”, contou com a participação de Marcos Sorrentino, Denise Amador e outros convidados institucionais. Sorrentino é diretor do Departamento de Educação Ambiental e Cidadania do Ministério do Meio Ambiente, desde fevereiro de 2023, e Denise é docente da Faculdade de Agronomia Dr. Francisco Maeda, e desenvolve diversos trabalhos com educação ambiental.
Marcos iniciou a conversa provocando a plateia: "Etamos em um momento extremamente delicado, como a gente luta? Como resistir?”. De acordo com ele, é necessário ir além da divulgação de dados científicos. Em um encontro com o cientista Carlos Nobre, Marcos relembrou ter ouvido o colega dizer, amargurado, que os avisos sobre as questões climáticas existem desde os anos 1980. Porém, as políticas públicas necessárias para lidar com esse problema não foram implementadas. “O que mais precisa ser dito e feito para que haja articulação, para que haja mudança? Como educar bilhões de pessoas?”, perguntou o pesquisador aos participantes da roda de conversa.
De acordo com o Doutor em Educação, é necessário criar políticas públicas que criem mudanças culturais. E isso se faz com afeto, com a capacidade de pactuar e perdoar. Pactuar se refere ao esforço coletivo de adotar uma nova forma de consumir, de se relacionar com os recursos de que precisamos, e dos quais dependemos. Perdoar tem relação com exculpar e superar ideais antigos que precisam ser desafiados. Para exemplificar, Marcos falou sobre as mudanças culturais que foram rapidamente implementadas durante a pandemia, mesmo que tenha sido por um curto período, e sobre a relação entre consumo de carne e melhoria de vida, que gerações passadas carregavam, mas que precisam ser desafiadas.
Falando sobre como as políticas públicas podem ser efetivas dentro do Estado do Rio de Janeiro, Sorrentino acredita na criação de núcleos socioculturais nos 92 municípios que compõem o estado. A agroecologia poderia ser usada como fio condutor para o empoderamento dos grupos locais, e, dessa forma, políticas públicas seriam criadas em cooperação, dialogando com as realidades e grupos sociais presentes na territorialidade. Ele afirma que a educação não pode ser prescritiva, é necessário que ela seja cooperativa para que ocorra mudança de valores e comportamentos.
Antes de abrir para perguntas, Marcos falou sobre o papel da agroecologia nesse processo educativo. Colocar as mãos na terra é um jeito de gerar mudança cultural. “Não basta falar, tem que fazer.” Em suma, é necessário ser afetado, atravessado, pelos aprendizados.
Da Redação Plante Rio
Sob supervisão de Clara Lugão e Matt Vieira
Fotos: Antonio Stewart