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“Cidade problema ou cidade solução?”: oficina sobre jardins de chuva aborda natureza como inspiração para crise
Por Isabella Mercedes
A programação da 6ª edição do Plante Rio contou com uma oficina didática sobre os passos do projeto e da construção de um jardim de chuva, ministrada por Pierre Martin, paisagista ecológico urbano. A parte teórica começou com o reconhecimento da importância da natureza para a vida, de modo que ela sirva de fonte de inspiração para a busca de soluções que podem ser resolvidas a partir dela.
O paisagista explorou conceitos como mutualismo e cooperação para destacar o fim dos sistemas lineares. Além disso, trouxe como questionamento o tipo de cidade que queremos ser: “cidade problema ou cidade solução?”. O conceito de corpo-território, também explorado pelo professor, nos lembra como os desastres climáticos e ambientais nos afetam, configurando-se como um problema de saúde pública.
Com a necessidade de inaugurar os tempos de mudança, Pierre salienta a importância de trazer a natureza para a cidade e explorar as soluções oferecidas por ela. Nesse sentido, oferece um contraponto entre as infraestruturas cinzas, que ao invés de remediar os problemas da poluição apenas os transfere para outro lugar e as infraestruturas verdes, que funcionam por uma dinâmica pensada para metabolizar os poluentes - e essa é a proposta dos jardins de chuva.
Os jardins de chuva são áreas de plantio projetadas para capturar e filtrar a água da chuva. Eles funcionam como bacias naturais que retém a água das chuvas, normalmente provenientes de telhados, calçadas ou ruas, evitando que essa água vá diretamente para os sistemas de escoamento. Quando chove, a água é direcionada para o jardim de chuva, que geralmente fica em uma depressão no solo. Isso pode ser feito por meio de calhas, tubulações ou simplesmente pela inclinação do terreno.
Assim, a água da chuva é retida no jardim, onde é filtrada pelo solo e plantas. O solo do jardim de chuva é preparado com camadas de areia, composto e terra, permitindo que a água penetre lentamente no solo, ao invés de escoar diretamente para as ruas e rios. Dessa maneira, as plantas no jardim de chuva ajudam a absorver poluentes da água, como metais pesados e substâncias químicas, funcionando como uma espécie de filtro natural. Ao reter a água no solo, os jardins de chuva ajudam a reduzir o volume de água que entra nas redes de drenagem, diminuindo o risco de enchentes.
Entre as vantagens dessa solução, a água infiltrada no solo ajuda a recarregar os aquíferos subterrâneos, contribuindo para seu ciclo natural. Além de sua função ecológica, os jardins de chuva também podem trazer benefícios estéticos e promover a biodiversidade, atraindo polinizadores e pássaros. A cidade de Portland, no estado de Oregon, nos Estados Unidos, que já foi conhecida por seus altos índices de poluição, foi pioneira nas instalações verdes. Além do exemplo de Portland, Pierre também falou sobre algumas iniciativas brasileiras, relacionadas à infraestrutura verde. Ele apresentou alguns exemplos de São Paulo e do Rio de Janeiro, com destaque à área de jardim de chuva da Fundição Progresso. Ao fim da sua exposição, os participantes foram convidados a percorrer esse espaço, analisar a parte aparente da estrutura dos jardins e entender o impacto dessa solução, tanto na região quanto em um contexto ambiental mais amplo.
Da Redação Plante Rio
Sob supervisão de Clara Lugão e Matt Vieira
Foto: Willer José I Mundo Berriel