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Polinizando flores e ideias: oficina traz a importância das abelhas nativas
Por Tainá Junqueira
Abelhas jataís viajaram mais de 500 km para chegar à 6ª edição do Plante Rio para polinizar flores e ideias. Ana Luiza Bovoy, mestranda na ESALQ-USP, deu às abelhas um novo habitat como resultado da oficina de abelhas nativas nesse sábado, 21, na Fundição Progresso: o centro do Rio de Janeiro. Qual o motivo de tamanha viagem? Alertar para o desaparecimento das abelhas nativas e o risco de sua falta para nós.
No mundo há cerca de 20 mil espécies de abelhas. Dessas espécies, três mil são encontradas no Brasil. A maioria estão em risco de extinção. Desmatamento, queimadas e ocupação humana invasiva são as principais causas da destruição de seus habitats. Além disso, o uso de agrotóxicos causa a contaminação da abelha polinizadora e consequentemente de toda a colônia. “Esse modelo convencional de agricultura que deveria produzir alimento é o principal causador da extinção das abelhas que são essenciais para a gente. Existe uma desconexão”, explica.
Ana, que estuda as abelhas nativas em sua tese de mestrado, explica que além de produzir mel para elas próprias e para nós, as abelhas nativas são agentes fundamentais na polinização de flores. Sem a polinização, que transfere o polén de uma flor para outra possibilitando sua reprodução, espécies de plantas passam a não desenvolver seus frutos. “Sem as abelhas não tem vida, porque elas são responsáveis por um terço do nosso alimento”, contou Ana.
Em contexto de crise climática, as abelhas são ainda mais afetadas. O agravamento dos fenômenos como calor, secas e queimadas afeta diretamente as abelhas. Uma colônia, por exemplo, precisa manter uma temperatura constante ao redor de 25º C e com o aquecimento do planeta, as abelhas estão morrendo.
Mas há esperança. Já existem soluções para proteger as abelhas: “a gente tem que plantar para as abelhas”. O reflorestamento e proteção de florestas, a agroecologia e sistemas agroflorestais são as práticas possíveis capazes de oferecer às abelhas um ambiente com biodiversidade necessária para o desenvolvimento das colônias. Lucas Moreira Lima, ecólogo e apicultor que também colaborou com a oficina, entende que “antes de querer ter abelhas a gente tem que plantar para elas”.
Durante a oficina os participantes puderam não apenas conhecer sobre a natureza das abelhas nativas, espécies, seus comportamentos, mas degustar melis de espécies diferentes, conhecer uma colônia de jataí cultivada em caixa de madeira e plantar junto ao mutirão agroflorestal que acontecia paralelamente.
Da Redação Plante Rio
Sob supervisão de Clara Lugão e Matt Vieira
Foto: Tainá Junqueira