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“Educação que nos ensina a viver e não a morrer”: 1º dia do Plante Rio discute crise climática e educação ambiental
Nesta sexta-feira, 12 de setembro, a estreia da 7ª edição do Plante Rio foi uma roda de conversa mediada por Sergio Portella. Os convidados Celso Sanchez, Eduardo Sá Barreto e Rita Passos debateram e trouxeram reflexões sobre “Colapso Climático: desafios globais e locais”.
Eduardo Sá Barreto, representante da Universidade Federal Fluminense (UFF), abriu a conversa trazendo o que acha importante ser dialogado com a próxima geração. O nosso futuro é assustador? Para ele, a resposta é sim! É preciso admitir que estamos na rota do colapso climático, mas que apesar disso a história continua aberta. Existe a necessidade de se agir com urgência, pois para Eduardo “Não temos tempo e o capitalismo, sendo insustentável ecologicamente, chegou ao seu limite”. Como alternativa a essa realidade, o palestrante falou sobre o papel da educação ambiental atrelado a uma urgência revolucionária como um potencial transformador. Suas falas reforçaram mais os riscos e impasses do presente do que possíveis soluções, como um chamado a olhar de frente a gravidade do cenário atual.
Continuando a conversa, Celso Sanchez, professor da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro abriu sua fala apontando a importância histórica da condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro na noite de ontem, dia 11 de setembro. Ele fez uma ligação entre o último governo e uma tolerância no rebaixamento da Educação Ambiental no Brasil e de como o estudo deveria ameaçar as forças conservadoras. Seguido a isso, apontou a universidade pública como uma importante voz para o negacionismo científico e fez um convite para o público conhecer o curso de Educação Ambiental na UNIRIO.
Outro ponto abordado foi a questão do colapso ambiental como uma ameaça iminente para a população, reforçando que para certos grupos o risco de vida está presente há muito tempo. Segundo Sanchez, “esse colapso afeta mais as classes mais pobres do que a classe média”. O palestrante questionou o que essa situação significa de fato na América Latina, trazendo como exemplo o dia 12 de setembro de 1973, quando ocorreu a ditadura do Chile, e verbalizou como a política neoliberal e como o Estado mínimo contribuem para a devastação ambiental no país, disfarçada de desenvolvimento. Junto a isso, lembrou Nego Bispo e trouxe como reflexão a Educação Ambiental de base comunitária, enfatizando o aspecto coletivo e vivo do ensinamento. “Educação do encontro é educação que nos ensina a viver e não a morrer”, finalizou.
Rita Passos, representante do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional (IPPUR/UFRJ), enfatizou a importância da luta antirracista na questão ambiental contemporânea. Ela afirma que há um foco maior em reconhecer e debater as consequências do racismo, quando a melhor escolha seria estudar as causas, nutrindo a luta antirracista de maneira mais concreta. De acordo com ela, todos são afetados por crises ambientais, mas a desigualdade no acesso a serviços de saneamento básico e moradia digna agrava o impacto dessas crises para as pessoas que moram nas favelas, cuja resistência dos corpos já é parte da luta anticolonial, mesmo com a ameaça de extermínio batendo à porta diariamente. Assim, Rita explica que, ao focar na causa do problema, a luta antirracista é alavancada para mitigar o desastre climático já em curso, e conclui com uma reflexão: “Ser antirracista não é uma decisão natural, ou seja, não surge ‘da noite para o dia’, e sim demanda muito estudo e reflexão acerca da nossa sociedade”.
Fechando a roda, os convidados responderam questões do público e encerraram os debates levantando mais uma vez a importância de refletir sobre o tema “Colapso Climático: desafios globais e locais” no coletivo.
Redação Plante Rio:
Texto de Sarah Soares e Gustavo Fontenelle
Fotos de Julia Porto
Sob supervisão de Clara Lugão e Iago Souza