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“Se eu fui trovão que nada desfez, eu serei trovão que nada desfaz”
Entre canções e reflexões, Luedji Luna e Liniker realizaram shows energéticos na Fundição Progresso
Na noite do dia 07 de fevereiro, a Fundição Progresso recebeu duas grandes artistas, umas das mais importantes deste novo cenário, composto por jovens entre 20 e 30 anos. Luedji Luna e Liniker e os Caramelows cantaram e encantaram no palco da casa cultural da Lapa. Luedji Luna trouxe um show com pegadas mais raps, levando a cultura de rua junto aos seus convidados Mc Stefanie, Zudizilla e Mv Bill, com novos arranjos produzidos pelo Dj Nyack para o EP “Um Corpo no Mundo”. Cantando e rimando – sim ela tem flow, Luedji invocou a ancestralidade africana do trovão, dos raios, dos ventos e com sabedoria, Epahey! Reflexões sobre a realidade do povo preto e sobre a atualidade carioca provocou um misto de euforia e alívio para a plateia, por ser uma porta voz tão sagaz na captação dos acontecimentos e dos sentimentos do público.
Nos bastidores, Luedji fala sobre toda sua preparação para o palco, para cantar, ela nunca está sozinha, traz consigo todos aqueles que cultua, seus antepassados, seus ancestrais. Dona de uma voz calma, serena, mas muito precisa ao que se diz, a cantora explica sobre a experiência de realizar shows no Rio de Janeiro. “O carioca é um dos públicos mais calientes que encontro, quando subo nos palcos”. Ela não está errada, o que se viu naquela noite foram olhares que brilhavam a cada ato, a cada palavra cantada ou proferida pela artista.
Mal se respirou após a apresentação da baiana, entrou em ação a Liniker, com tantos falsetes, solos, que não tinha como não ficar de boca aberta com a cantora. Liniker começou a ser conhecida entre o público após a viralização do EP “Cru”. Clássica, com 0 defeitos em sua performance, ela trouxe um quê das apresentações norte americanas de soul, com sua banda Os Caramelows, que era um show a parte. No exercício de olhar ao redor, no meio daquela noite catártica, era possível observar um público diversificado, pretos conscientes da luta por um empoderamento em sua autoestima, LGBTQ+ amando e dançando, sendo felizes. Todos estavam representados.
Tem muito o que vir pela frente na programação da Fundição Progresso. Já podemos dizer que começamos muito bem, abrindo as portas nestes primeiros meses com tantas atrações imperdíveis. Que venham mais eventos emocionantes, vibrantes que energizam lá em cima essa galera, que é de todas as tribos e compõem a casa, que nasceu de uma resistência cultural. Avante
Por: Joyce Lima
Fotos: Gabriella Ribeiro e Luiz Franco