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Verão na Fundição: o Samba de Maria Rita tem muito axé!

De Grupo Revelação a Jovelina Pérola Negra, Maria Rita transita pela história, ritmos e encantos do nosso samba

 

Sábado, 15 de fevereiro de 2020, a uma semana das datas tradicionais do Carnaval, dezenas de blocos desfilaram pelas ruas do Rio de Janeiro ao longo do dia. À noite, foi a vez de Maria Rita desfilar grandes sucessos do samba na Fundição Progresso. É o quinto ano da turnê "Samba da Maria" e, este ano, a apresentação fez parte da agenda de Verão na Fundição. A cantora subiu ao palco pouco depois da meia-noite e mostrou desde já seu carisma e sua habilidade vocal, que guiariam as duas horas - quase ininterruptas - de samba! Poucas pausas foram feitas, apenas para interagir com o público ou tomar um gole de água. Fora isso, a batucada não deu trégua, para alegria geral dos presentes.

A apresentação contou não apenas com sucessos do cancioneiro de Maria ("Bola pra Frente", "Num Corpo Só", "Cara Valente"), mas sambas populares que estão na boca do povo - em especial de seus amigos e colaboradores, Arlindo Cruz ("O que é o amor", "Maltratar Não é Direito", "Saudade Louca") e Jorge Aragão ("Tendência", "Lucidez", "Eu e Você Sempre"), além de canções que ficaram famosas nas vozes de Zeca Pagodinho e Beth Carvalho. Do samba romântico até a gafieira, a artista levou também versões dos grupos de pagode Fundo de Quintal e Revelação, assim como sambas da escola paulistana Vai-Vai - como o samba-enredo de 2015, “Simplesmente Elis”, em homenagem à mãe, a saudosa Elis Regina.

Essa mistura de diferentes estilos dentro do samba nos lembra da riqueza do gênero - e, também, da habilidade mestra com a qual Maria Rita transita de um ao outro. Não satisfeita com a maravilhosa técnica vocal que encanta quem assiste, a artista leva seu trabalho como intérprete ao melhor sentido da palavra: encarna e passa a letra como quem conta a mais interessante das histórias. É difícil desviar o olhar de cada expressão, gesto e dancinha. Essa habilidade de convencimento é a cereja do bolo, que leva excelência à apresentação.

Um dos momentos mais importantes, no entanto, não pode ser esquecido. Em seu discurso de agradecimento ao público pela presença, Maria Rita sublinha a questão das dificuldades que o meio artístico cultural tem enfrentado nos atuais tempos "estranhos", como caracteriza. Ela destaca a importância existente na atitude de cada pessoa que escolhe usar seu tempo e dinheiro para prestigiar uma apresentação musical. É de extrema importância que se busque apoiar a arte, os artistas e aqueles que vivem da produção cultural na cidade. Cada ingresso comprado ajuda a não deixar "o samba morrer". Sustentar a arte também é resistência. No fim das contas, "o show tem que continuar"!

 

Por: Pedro Marinho 

Fotos: Luiz Franco