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DIA DA QUEBRAÇÃO DÁ INÍCIO À FUNDIÇÃO VERDE NA FUNDIÇÃO PROGRESSO

Rio, 07 de Julho - Na última sexta-feira, um estudo publicado pela revista Science mostra que a melhor maneira de combater o aquecimento global é tornar o planeta mais verde. Neste domingo, a Fundição Progresso, alinhada com o futuro, deu início oficial à Fundição Verde, nova filosofia de gestão sustentável, que leva em conta suas relações com a cidade, as pessoas e o meio ambiente. Com isso, a Fundição passa a se dedicar a ser  também um espaço inteiramente sustentável. E que vai mudar a cara da Lapa, deixando-a mais verde, bonita e integrada.

O marco inicial desta nova etapa do maior centro cultural do Rio de Janeiro foi o Dia da QuebrAção, em que a calçada na frente do espaço começou a ser removida para dar espaço a um Jardim de Chuva, que reuniu arquitetos, urbanistas, agroecologistas, paisagistas e os artistas do Céu na Terra, que abençoaram o momento simbólico com uma apresentação de Bumba Meu Boi. 

Jardins de Chuva são sistemas de biorretenção de águas pluviais, que ajudam a minimizar o impacto das chuvas fortes e serão de grande ajuda para evitar os recorrentes alagamentos na região da Lapa. E também funcionam como regulador térmico, ajudando a suportar ondas de calor. No lugar do concreto, até setembro surgirá um espaço verde de 200 metros quadrados. A fachada leste da Fundição ganhará uma grade-escultura de ferro de 93 metros, feita artesanalmente na serralheria da Fundição, que deixará à mostra para a cidade os efeitos práticos desta mudança radical a favor da sustentabilidade.  

"A Fundição não é só uma casa de shows. A gente fomenta alegria, capacita as pessoas.  Mas sempre cuidamos do lado de dentro da Fundição. Agora, vamos cuidar também do lado de fora com uma obra de fachada, mas cheia de conteúdo. Vamos fazer essa mudança e comunicá-la, com cursos, oficinas, para que a cidade também possa se transformar", explicou o ator e produtor cultural Perfeito Fortuna, que este ano completa duas décadas à frente da Fundição.

Para Cecilia Herzog, paisagista urbana, mestre em Urbanismo e especialista em Preservação Ambiental das Cidades, a construção do Jardim de Chuva da Fundição é um marco. "A partir de agora, aqui existirá um exemplo de alternativa para a cidade. O paradigma do século 21 e trazer de volta a natureza para o convívio urbano, e humildemente aprender com ela", disse Cecília. 

"Com o Jardim de Chuva, a Fundição cuida de todo o entorno. É pra gente, pros passarinhos, pros polinizadores. Utilizamos a tecnologia da natureza a serviço da cidade", contou Daniel Gabrielli, do coletivo Organicidade, coletivo idealizador do novo espaço. O arquiteto Pierre André Martin, que ministrou uma oficina colaborativa ao lado de Cecília Herzog para definir o modelo do Jardim de Chuva, faz coro. "Este é um gesto muito nobre. Vamos trazer vida de volta onde não tinha. O homem comeu a floresta para trazer a cidade, e agora traz de volta a floresta para comer a cidade", brincou. 

Fabiana Carvalho, arquiteta responsável pela obra, ressaltou seu caráter colaborativo e educativo. "Estamos acostumados a trabalhar com a cultura da barreira. Aqui, escolhemos trabalhar com a cultura do permeável, é um laboratório vivo construído a muitas mãos, de diversas áreas", disse. 

Com a Fundição Verde, todas as soluções de gestão da Fundição Progresso levarão em conta os recursos naturais. Captação de água da chuva, gestão de resíduos, instalação de placas solares, política de compensação de emissão de carbono em todas as suas atividades, além de cursos, oficinas, palestras, debates, rodas de conversas… Tudo o que possa servir de inspiração para que iniciativas semelhantes floresçam por todo o Rio de Janeiro.