MULTICULTURAL
BORA TOCAR TAMBOR
A oficina BORA TOCAR TAMBOR surge da necessidade de compartilhar e disseminar os saberes das poliritmias do Oeste Africano em diálogo com as sonoridades das manifestações culturais afro referenciadas do sudeste, norte e nordeste brasileiro e diáspora. Fortalecendo, sobretudo, o cenário de mulheres e corpAs LGBTQIAP+ percussionistas no Rio de Janeiro. A partir de um convite para experimentações, estudos e práticas percussivas, desejamos fomentar um espaço de conexão e diálogo. Um chamado à atenção, à leveza, à firmeza e à escuta de nossas corporalidades conduzidas pela investigação sonora e sensorial do ritmo.
Parafraseando Edileuza dos Santos em seu texto "Dança de Expressão Negra: Um novo olhar sobre o tambor": "Como se processa a vibração do tambor no corpo? Como esse som faz dançar?". Acreditamos que as sonoridades percussivas despertam, relembram e recontam memórias da nossa ancestralidade inscritas em nossa corporeidade. Buscamos, assim, ativar os corpos para compartilhar, experimentar, investigar, criar e recriar memórias através de técnicas, arranjos, jogos rítmicos, dança e práticas percussivas no qual os ritmos do Oeste Africano e das culturas afro diaspóricas estão em diálogo e constante movimento. Ritmos e Manifestações como soli, sunun, djansa, wasslunké, jongo, o funk carioca, alujá, maracatu serão alguns dos temas abordados.
Um dos principais objetivos das oficinas é fortalecer o cenário de mulheres e pessoas trans percussionistas e/ou interessades em tocar tambor no Rio de Janeiro e assim, incentivar a diversidade de pessoas no universo da percussão.
São infinitos ritmos conhecidos nos territórios do oeste africano e afro referenciados, nossa meta a longo prazo é expandir o conhecimento dessa sonoridade única e emocionante. Os principais ritmos que iremos abordar no primeiro ano da oficina:
SOLI ou SOLI RAPIDE
Ritmo da povo Malinke, Guiné Conakry. Ele representa a transição do primeiro setênio de vida das meninas e meninos da comunidade, um ritual de encerramento da primeira fase da infância.
SUNU, SUNUN OU SOUNOU
Ritmo para dançar, da etnia Kassounké, povo originário da região de Kayes no Mali. A dança é tocada para celebrar boas colheitas e conquistas. Uma das histórias sobre o ritmo é que ele é muito popular do Mali que remonta à Era pré-colonial, conta sobre uma linda jovem chamada Sunu Mamady, o mesmo nome de seu pai. Naquela época, na aldeia de Sagabari, ela era uma dançarina muito admirada pela comunidade, nenhuma festividade poderia acontecer sem que ela estivesse presente. Este ritmo foi criado em sua homenagem por uma trupe djembefola de sua aldeia.
DJANSA, DANSA OU DIANSA
Ritmo originalmente do povo Kassounké, sul do Mali (região de Kayes). Era conhecida como uma dança de competição para os rapazes, hoje em dia é um ritmo popular, tocado e dançados por todos nas festividades das comunidades.
WASSOLONKA, WASSOLUNKÉ ou N'GRI (GUINÉ)
Ritmo oriundo dos Bambara, povo da região de Wolosson no Mali e Guine. Um dos ritmos mais reconhecidos da região, a dança faz lembrar os movimentos de animais da zona rural do Mali e JONGO. A palavra "jongo" é vinda do termo quimbundo 'jiongu', conhecido também como Corimá ou 'caxambu'. O jongo é uma manifestação cultural brasileira de origem africana, que adquire as características da comunidade que o abriga. Neste sentido, o IPHAN distinguiu e caracterizou 16 comunidades jongueiras nas regiões do sudeste brasileiro. É essencialmente rural, influenciador poderoso na formação do samba carioca e arrisco em dizer no Funk Carioca também. É possível encontrar similaridades em ritmos como Soli da Guiné, e em manifestações culturais de umbigada como o Colá Sanjon de Cabo Verde, por exemplo.
IJEXÁ
Ritmo ioruba, originalmente da cidade de Ilesa na Nigéria. Ritmo tocado nos rituais e celebrações do candomblé, especialmente para os orixás Oxum, Iemanjá, Nanã e Oxalá. Ritmo binário muito popular nos territórios afro referenciados brasileiro.
ALUJÁ (NAÇÃO NAGÔ E XAMBÁ)
Ritmo do nordeste brasileiro encontrado em casas de candomblé Nagô e Xambá normalmente tocado para o orixá Xangô, nas regiões de Pernambuco e Alagoas, com influências rítmicas do oeste africano, principalmente Nigéria, Senegal e Camarões.
Os encontros serão semanais, às quintas-feiras, com duração de 1 hora e 30 minutos cada, a partir de abril, na Fundição Progresso. Serão disponibilizadas até 20 vagas por turma. A metodologia utilizada serve tanto para pessoas iniciantes na percussão quanto para intermediárias e avançadas, com o objetivo de criar dinâmicas de interação entre os níveis e também um olhar especializado para cada segmento.
O valor das oficinas é cobrado mensalmente no valor de R$260 por pessoa, no entanto entendemos que a realidade financeira da maioria das pessoas não está fácil, sugerimos mais duas faixas de preço R$200 e o mínimo de R$140 por mês. Também serão disponibilizadas 2 Bolsas Integrais, mediante à análise, para pessoas trans, pretas e/ou LGBTQIAP+ que não possuem condições financeiras para arcar com o custo das aulas.
Instrumentos de percussão são bem vindos e também, contaremos com o acervo percussivo do Estúdio de Quintal Òkòtó e do grupo Dembaia.
Ana Magalhães, conhecida também como Ana Maga, é quem conduz e coordena a dinâmica percussiva dos encontros. Multiartista e Musicoterapeuta, enraizada entre os territórios do Recôncavo Baiano, Baixada Fluminense, Zona Sul de SP e Zona Norte do Rio. Iniciou sua jornada na percussão em 2006, na preparação de peças teatrais da cia. Paidéia (SP), a partir desse momento passou a pesquisar e estudar cada vez mais sobre a percussão brasileira, até se encontrar com o universo sensível, plural e preciso da polirritmia e sonoridades africanas e afro diaspóricas, tendo aulas e cursos com grandes mestres nacionais e internacionais. Fez parte dos grupos de maracatu Mucambos de Raiz Nagô (SP), Baque Mulher (RJ), Jongo na Telha (RJ), integrou à bateria da Mangueira 2023 nota 40 no carnaval. Atualmente é percussionista em bandas e projetos independentes, faz parte da comissão organizadora do "Yakurinxirê - Festival percussivo de mulheres" em São Felix e Cachoeira no Recôncavo da Bahia e é co-idealizadora e coordenadora de percussão do grupo Dembaia, no momento o único conjunto feminino negro no Rio de Janeiro, oficialmente dedicado a pesquisas práticas e teóricas, oficinas e apresentações artísticas referentes à cultura tradicional e moderna da África do Oeste recriadas a partir do afrofuturismo brasileiro. (@dembaia).
Sabrina Chaves é a coordenadora de movimentos e parceira no apoio às percussões africanas de Bora Tocar Tambor. Bina é idealizadora e coordenadora de dança africana do grupo Dembaia, percussionista e pesquisadora sobre a história, cultura e arte da África do Oeste, formada por mestres nativos como Mariama Camara, Youssouf Koumbassa (Guiné-Conakry), Pape Babou Seck (Senegal), entre outros. Bacharel em Ciências Sociais com ênfase em Produção e Política Cultural pelo IUPERJ e é idealizadora e produtora do Etnicidades Africanas. Ministrou aulas em escolas, espaços culturais e academias, como MUHCAB, Rampa - Lugar de Criação, Casa das Pretas, Quilombo Casa do Nando, entre outros. Realizou a preparação corporal: do Grupo Emú na peça teatral Olhos D'Água; Confraria do Impossível na peça A Saga de Dandara e Bizum a Caminho de Wakanda; e Coletivo de Dançateatro Muanes, na peça Mask.
Bela Santilli é a produtora e parceira de Bora Tocar Tambor com muito afeto e cuidado. Formada em Psicologia pela UNESP Bauru, mestranda no Programa de Pós Graduação em Dança, na UFRJ, e futura Terapeuta através do Movimento, pela Faculdade Angel Vianna. Pesquisa a encruzilhada, onde Arte e Clínica se encontram. Já atuou como Acompanhante Terapêutica em uma Residência Terapêutica, serviço vinculado aos CAPS - Rede de Saúde Mental (SUS) e no atendimento de pessoas em situação de rua em uma Unidade de Acolhimento do Sistema de Assistência Social do Rio de Janeiro (SUAS). Atualmente, atua de forma autônoma na Clínica, ouvindo e acompanhando, principalmente mulheres e pessoas que se identificam como LGBTQIA+, onde experimenta uma escuta sensível e passagens possíveis para processos de arte-curadORIas.
30/03 Quinta feira/aula inaugural
Data: Quintas-feiras, a partir de 6 de abril 2023
Horários: 17h30 às 19h
Local: Fundição Progresso
Endereço: Rua dos Arcos, 24 - Centro - Rio de Janeiro (RJ)
Mensalidades (pagamento à vista até dia 7o dia útil de cada mês):
- R$260/mês (ideal)
- R$ 200 /mês (Aquela moral)
- R$140 /mês (mínimo)
estudiodequintalokoto@gmail.com
BORA TOCAR TAMBOR
Aulas:
Quintas-feiras às 17:30h
Mensalidade: R$ 260 (Ideal) // R$ 200 (Aquela moral) // R$140 (Mínimo)
