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Quatro lições anti-racistas por Clarisse Miranda

Ela é uma das colaboradoras do Fundição Multicultural 2020 onde apresenta a oficina: Vamos falar sobre antirracismo? que vai acontecer no mês de dezembro e é a oportunidade para pessoas não negras que querem fazer diferença no meio onde vivem e precisam entender detalhadamente como age o Sistema Racista no Brasil.

 

Pedimos à ela um "spoiler" do que vamos aprender na oficina e você pode conferir abaixo o texto da Clarisse. Boa leitura!

 

O ano é 2020 e mesmo 132 anos pós-Libertação dos Escravizados, o racismo estrutural ainda se faz presentes na sociedade em que vivemos… Porém, percebemos nos dia atuais, muitas pessoas não negras interessadas e ativas no processo Antirracista. Mas como ser um aliado consciente? Que ferramentas e ações podem ser realizadas? Te ofereço então, algumas dicas para se desenvolver os primeiros passos:

 

NO TRABALHO
Crie projetos de capacitação de pessoas negras para cargos de diretoria, invista!;
Procure orgãos, grupos e amigos que possam indicar profissionais negros para todos os cargos disponíveis. Sempre terá um profissional possivel, basta o interesse na busca (Abolir frases como: não tem ou não encontrou ninguem capacitado para o cargo..);
Ao contratar uma pessoa preta, ofereça o mesmo valor salarial que seria oferecido a um profissional não negro.
Realize atividades com todos os funcionarios para identificação de possíveis atitudes racistas.

 

COM SEUS FILHOS/ FILHAS
Compre literatura preta para seus filhos;
Compre bonecas pretas para seus filhos;
Estimule seu filho (a) a criar laços de amizade com crianças pretas pautando sempre a igualdade

 

NA ESCOLA
Incentive o colégio do seu filho (a) a colocar em vigor a Lei 13.639, que obrigada as escolas a inserirem uma educação etnico-racial no ensino;
Incentive o colégio a contratação de mais professores (as) negros;
Indique autores negros;

 

NA VIDA PESSOAL
Valorize, consuma, divulgue marcas pretas;
Exclua palavras e ditados racistas do seu cotidiano;
Pesquise, leia e assista pessoas pretas. Crie suas referências;
Exija da sua marca preferida pessoas pretas nas campanhas publicitária, não naturalize não ter pessoas pretas em comerciais de sabonete, de carro, estéticos e afins.

 

Toda pessoa não negra tem o direito do seu “lugar de fala” a partir do momento que ela entenda como sistema racial funciona, pois o Racismo hoje precisa e deve ser debatido dentro da Branquitude.
Por isso criei essse Workshop, para entrarmos em uma imersão de saberes juntos. Nossas conversas nunca são gravadas, pois o objetivo é criar uma conscientização real e para que isso aconteça de forma leve eobjetiva os participantes precisam se sentir em uma sala segura para perguntas e dúvidas.

 

 

Clarisse Miranda começou no teatro aos 11 anos e integrou o curso profissionalizante do SATED no Retiro dos Artistas e o curso do Nós do Morro. Trabalhou como modelo, modelo-vivo e aos 23 se iniciou em produções de eventos, mas o caminho a direcionou para o trabalho como hostess, onde fez carreira por quase 15 anos, tendo trabalhado e produzido grandes festas para marcas nacionais e internacionais, como Louis Vuitton, NIKE, Coca-Cola, Amsterdan Sauer, Vogue, Adidas, entre outros. Lançou o livro ""Manual de Noção"", sendo entrevistada no Programa do Jô, Sem Censura, GNT e Encontro. Recebeu personalidades como Grace Jones, Madonna, Erykah Badu, Tom Cruise, Jean Paul Gaultier, Mario Testino, Spike Lee e outros. Atualmente é produtora e Mestre de Cerimônias do Encontro de Cinema Negro Zózimo Bulbul e faz parte do Coletivo Sócio-Cultural Resenha das Pretas, onde apresenta lives de estudo com temas variados sobre a negritude.

 

FOTO: SILVIA IZQUIERDO / AP